O Partido dos Trabalhadores (PT) completou 45 anos de existência com a missão de se aproximar mais das demandas da população brasileira e de fortalecer os valores sociais que defende. Para Paulo Okamotto, ex-operário e presidente da Fundação Perseu Abramo, o partido precisa ouvir com mais atenção as preocupações da sociedade, como segurança, saúde e trabalho, e garantir que esses problemas cheguem mais claramente à cúpula da legenda. Okamotto destaca que as reivindicações da classe trabalhadora mudaram e é necessário um novo olhar sobre como atrair esse público para a política do partido.
Okamotto também critica o atual modelo econômico, que, segundo ele, tem concentrado cada vez mais a renda, e propõe um debate sobre a redistribuição de riqueza, alertando que a solução não está apenas no empreendedorismo individual. Em sua avaliação, é crucial que a sociedade compreenda a necessidade de maior cobrança dos mais ricos, com impostos mais altos para quem tem maior capacidade financeira. Ele defende que o PT deve retomar sua relação com as classes populares e combater o discurso individualista que vem ganhando espaço no país.
Em relação ao cenário político, Okamotto lamenta o possível fim do PSDB, destacando a importância histórica da sigla como adversária do PT. Apesar das dificuldades enfrentadas pelo partido nos últimos anos, como o impeachment de Dilma Rousseff e a prisão de Luiz Inácio Lula da Silva, ele acredita que o PT tem uma trajetória bem-sucedida, com vitórias presidenciais desde 2002. O dirigente também enfatiza que o partido precisa se renovar e reconquistar a confiança do povo, propondo uma maior proximidade com as camadas populares para consolidar ainda mais seu papel na política brasileira.