A alta contínua dos preços dos alimentos tem dificultado a recuperação do poder de compra dos brasileiros, mesmo com o aumento da renda. Dados do economista Bruno Imaizumi, da consultoria LCA, indicam que o custo da cesta básica continua pressionado, refletindo um cenário de estagnação no poder aquisitivo, com o salário-mínimo em queda em relação ao valor necessário para adquirir a cesta básica. Entre 2010 e 2019, um salário-mínimo permitia comprar em média 2,07 cestas básicas em São Paulo, mas esse número caiu para 1,51 em abril de 2022 e, atualmente, está em 1,7, ainda abaixo dos níveis pré-pandemia.
O impacto da alta dos preços dos alimentos, impulsionado por fatores como mudanças climáticas e a valorização do dólar, tem gerado desafios para o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que busca alternativas para controlar os preços sem recorrer a medidas radicais. A inflação alimentícia não é exclusiva do Brasil, mas a desvalorização do real e a pressão sobre as commodities agrícolas têm agravado a situação. Projeções indicam que o poder de compra deve continuar abaixo dos níveis de 2019 até ao menos 2026, dificultando uma recuperação econômica mais robusta.
Além disso, a análise da LCA aponta que, apesar da melhoria no mercado de trabalho e no aumento da renda média, a recuperação não é suficiente para contrabalançar os efeitos da inflação alimentar. Em 2024, a renda média permitia a compra de 4,06 cestas básicas, mas esse valor ainda está distante dos 4,82 de 2019. O governo federal terá que equilibrar suas ações para mitigar os impactos das oscilações climáticas e fiscais, enquanto os consumidores enfrentam um cenário de inflação persistente nos produtos essenciais, como café, carnes e óleo diesel.