O Partido Trabalhista optou por cortar o orçamento destinado à ajuda internacional para financiar um aumento nos gastos com defesa. Essa decisão, longe de ser inevitável, representa uma escolha política que pode ter consequências negativas para a segurança global. A lógica por trás dessa medida é contestável: ao reduzir o financiamento para o desenvolvimento, o partido pode acabar exacerbando as crises que alimentam conflitos, como a pobreza, o colapso de estados, desastres climáticos e deslocamentos em massa. Em vez de fortalecer a segurança, essa estratégia pode, paradoxalmente, enfraquecê-la.
Os valores envolvidos no aumento do orçamento militar são relativamente pequenos em relação ao PIB do Reino Unido. O país teria capacidade para absorver esse custo por meio de endividamento ou até mesmo por meio de um modesto imposto sobre grandes fortunas. No entanto, a decisão de tratar essa questão como um jogo de soma zero – onde o reforço da defesa exige cortes em outros setores – reflete mais um posicionamento político do que uma necessidade econômica. A estratégia busca demonstrar disciplina fiscal, mesmo que os números não justifiquem a medida.
O pano de fundo dessa decisão está na tentativa de evitar críticas e ataques da oposição conservadora. Contudo, ao adotar uma postura de austeridade fiscal excessiva, o Partido Trabalhista pode acabar reforçando um cenário de estagnação econômica e instabilidade social. Em vez de equilibrar as contas públicas de maneira estratégica, a escolha por cortes na ajuda internacional pode ter efeitos adversos, tanto para a política externa do Reino Unido quanto para a segurança global, ao agravar as crises que tornam o mundo mais instável.