Uma investigação do Instituto Sou da Paz revelou que parte das munições usadas em crimes cometidos por organizações criminosas em São Paulo pertence a lotes adquiridos pela Polícia Militar entre 2013 e 2018. Os laudos indicam que as balas encontradas em incidentes envolvendo o PCC, como a execução de um delator no Aeroporto de Guarulhos, pertencem ao mesmo lote usado em um assalto em Botucatu, interior paulista, em 2020. Especialistas do instituto alertam para a possibilidade de desvios de munição da polícia para o crime organizado, embora não se saiba exatamente como isso ocorreu.
A análise sugere que, além do envolvimento de policiais civis e militares no crime, o fornecimento de armamento para grupos criminosos poderia estar ocorrendo. A diretora do Sou da Paz, Carolina Ricardo, reforçou a importância de um sistema de rastreamento das munições para facilitar as investigações e identificar a origem de cada lote. A secretaria de Segurança Pública de São Paulo, por sua vez, defendeu que a Polícia Militar mantém rígidos controles de distribuição de munições e que casos de extravio são investigados com rigor.
O caso envolveu investigações detalhadas, como o assalto a bancos em Botucatu, que durou várias horas e foi realizado por criminosos ligados ao PCC. Em relação à morte do delator no aeroporto, a SSP afirmou que as investigações seguem em andamento, com diversos suspeitos já detidos, incluindo policiais militares. As armas usadas na execução foram encontradas em um terreno baldio, e as investigações continuam sob sigilo para preservar o andamento do caso.