Um estudo revelou que a política de interdição aérea, implementada no Brasil em 2004, teve um impacto direto no aumento da violência na região amazônica, especialmente em comunidades ribeirinhas. A restrição ao tráfego aéreo forçou o tráfico de drogas a migrar das rotas aéreas para os rios da Amazônia, resultando no crescimento da violência local. Entre 2005 e 2020, aproximadamente 1.430 homicídios foram registrados nos municípios afetados, com o aumento do tráfico fluvial de cocaína sendo um dos principais fatores responsáveis por essa tragédia. Além disso, o estudo identificou uma correlação entre o aumento das mortes e a produção de cocaína em países vizinhos como Bolívia, Colômbia e Peru.
O estudo também destacou a adaptação do crime organizado, que utilizou redes locais e novas tecnologias para contornar as fiscalizações. Essa mudança no padrão logístico trouxe desafios adicionais para as forças de segurança e expôs ainda mais as comunidades ribeirinhas à violência, com uma significativa porcentagem das mortes sendo atribuídas ao tráfico e aos conflitos relacionados. A pesquisa também apontou que a violência não se restringiu apenas a homicídios, mas houve um aumento nas mortes por overdose, indicando maior disponibilidade de drogas nessas regiões.
Além da análise dos homicídios e overdoses, o estudo identificou 16 rios da Amazônia que estão sendo utilizados como rotas principais para o tráfico de cocaína. Entre esses, dez rios estão diretamente conectados a áreas produtoras de cocaína nos Andes. A pesquisa sugere que políticas públicas de segurança devem ser mais integradas, considerando a adaptabilidade dos criminosos e os impactos colaterais de medidas isoladas. A importância de estratégias mais amplas para combater o tráfico e a violência na região é enfatizada, apontando a necessidade de uma abordagem mais abrangente para enfrentar esses desafios.