O plano de Donald Trump de assumir o controle da Faixa de Gaza e construir um novo lar para os palestinos é visto por especialistas como uma violação do direito internacional e uma possível forma de limpeza étnica. Segundo Leandro Borges, professor de Relações Internacionais, a ocupação de um território sem o consentimento da população local fere princípios de soberania e autodeterminação dos povos garantidos pela ONU. Ele alerta que a implementação dessa proposta poderia aumentar a instabilidade no Oriente Médio, especialmente pela reação de países como Arábia Saudita, Irã e Líbano.
Borges destaca que, ao tomar Gaza, os Estados Unidos poderiam prejudicar sua relação com aliados importantes na região, como a Arábia Saudita, que exige a criação de um Estado Palestino para a paz na região. A medida também poderia intensificar os conflitos, com a possível intensificação do apoio a grupos armados, como Hezbollah e Hamas, elevando a tensão no Oriente Médio. A situação também poderia colocar os Estados Unidos em confronto com atores globais, prejudicando sua posição como mediador de conflitos.
O professor observa que o plano de Trump reflete uma mudança significativa na política externa dos Estados Unidos, que poderia adotar uma abordagem mais unilateral e militarizada, à semelhança de uma era pré-Guerra Fria. Caso essa proposta se concretize, a criação de um Estado Palestino, que historicamente foi defendida pelos EUA, seria descartada, comprometendo a credibilidade dos Estados Unidos como um ator imparcial em questões de paz e negociações internacionais. A ação teria um impacto negativo nas relações dos EUA com seus aliados e poderia resultar em um afastamento das potências regionais.