O pirarucu, maior peixe de escama de água doce do mundo, enfrenta novos desafios devido às mudanças climáticas na Amazônia. Embora a espécie tenha sido salva da extinção graças a esforços de preservação e pesca controlada, a escassez de água provocada pela seca extrema nos últimos anos tem impactado severamente a captura do peixe. Com os rios em níveis baixos e a vegetação excessiva nos locais de pesca, os pescadores não conseguem alcançar as áreas habituais de captura, resultando em uma colheita abaixo da cota permitida.
O manejo comunitário da pesca, que tem sido um modelo de sucesso ao equilibrar a preservação com a atividade pesqueira, agora enfrenta a necessidade de ajustes devido às condições climáticas instáveis. Nos últimos dois anos, a temporada de pesca precisou ser prolongada, e o impacto das secas consecutivas sobre a reprodução do pirarucu ainda está sendo investigado. A mudança nos padrões de cheia e seca dos rios dificulta a previsão e o planejamento das atividades pesqueiras, levando a uma incerteza crescente sobre o futuro da espécie.
Apesar dessas dificuldades, as comunidades ribeirinhas mantêm um olhar atento e tentam se adaptar às novas condições. A coordenação com órgãos ambientais, como o Ibama e o Instituto Mamirauá, é crucial para revisar o calendário de pesca e melhorar a logística envolvida. As pescadoras e pescadores, que antes dependiam de relações de trabalho desvantajosas, agora podem negociar melhores condições de venda graças ao manejo, mas ainda enfrentam o desafio de adaptar suas práticas a um ambiente cada vez mais imprevisível.