A coordenadora do Laboratório de Estudos sobre a Consciência em Transtornos Neurodegenerativos da UFRJ, Marcia Cristina Nascimento Dourado, ressalta a importância de estímulos para a preservação das capacidades cognitivas de pessoas com Alzheimer. Segundo Dourado, embora a doença afete a memória, aspectos da cognição permanecem preservados, permitindo que o paciente perceba mudanças em seu tratamento e nas relações sociais, como a desqualificação por parte de outros. Estudos realizados no laboratório abordam a percepção dos pacientes sobre sua enfermidade e como os cuidadores frequentemente subestimam suas capacidades devido à sobrecarga emocional e prática.
Dourado também alerta para a tendência dos cuidadores, que frequentemente são familiares próximos, de buscar soluções rápidas e práticas que podem acelerar a deterioração do paciente. A psicóloga enfatiza que tarefas simples, como lavar um prato ou escolher roupas, são importantes para a autoestima e sensação de autonomia do paciente. Ela sugere que os cuidadores incluam os pacientes nas decisões diárias, oferecendo opções, por exemplo, para que o paciente tenha uma escolha sobre sua vestimenta, mesmo que isso torne a tarefa mais demorada.
A pesquisa realizada em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina também revelou que a percepção sobre o funcionamento socioemocional dos pacientes com Alzheimer varia significativamente entre os próprios pacientes e seus cuidadores. Pacientes com Alzheimer moderado tendem a ser mais dependentes em suas atividades diárias, o que leva os cuidadores a avaliar seu desempenho de forma mais negativa. O estudo, que envolveu 161 participantes, destaca a importância de compreender as necessidades emocionais dos pacientes e de como a relação entre paciente e cuidador pode impactar o tratamento e a qualidade de vida.