Uma pesquisa da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) da Fiocruz revelou elevados índices de Covid longa na cidade do Rio de Janeiro, com destaque para os sintomas frequentemente associados à síndrome pós-Covid, como fadiga, dor nas articulações e comprometimento cognitivo. Os dados indicam que a síndrome continua sendo negligenciada nos serviços de saúde, dificultando o acesso dos pacientes aos cuidados necessários, uma vez que os sistemas de saúde não estão preparados para lidar adequadamente com o aumento dessa demanda. A conscientização sobre a condição, apesar do seu alto custo para os indivíduos e a sociedade, é considerada muito baixa.
Realizado em parceria com a Escola de Saúde Pública de Harvard e a London School of Economics, o estudo busca aprimorar o cuidado de pacientes com a síndrome pós-Covid no Sistema Único de Saúde (SUS). Os dados foram coletados entre novembro de 2022 e abril de 2024, com 651 entrevistas quantitativas com pacientes hospitalizados e 60 entrevistas qualitativas com gestores, profissionais de saúde e pacientes em diferentes estágios da doença. A pesquisa tem como objetivo identificar as necessidades desses pacientes e as barreiras no acesso aos serviços de saúde.
Os resultados indicam que a prevalência de sintomas pós-Covid é extremamente alta, com 91,1% dos entrevistados relatando ao menos um sintoma, sendo que 71,3% afirmaram apresentar sintomas frequentes. No entanto, apenas 8,3% dos pacientes foram diagnosticados com Covid longa por um profissional de saúde. Os sintomas mais comuns incluem fadiga, piora após esforços físicos, dor nas articulações, alterações no sono e dificuldades cognitivas. Além disso, a pesquisa também registrou uma elevada taxa de mortalidade, com 12% dos pacientes falecendo entre a alta hospitalar e o recrutamento para o estudo, dentro de um período de até dois anos.