Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) estão conduzindo uma pesquisa sobre esqueletos humanos encontrados em uma antiga igreja na vila de Mazagão Velho, no Amapá, fundada em 1770. O estudo visa analisar os ossos, que foram expostos a condições adversas de clima e solo por séculos, utilizando técnicas avançadas de extração de DNA de partes do esqueleto como o petroso e dentes molares. A investigação também busca entender melhor a origem dos primeiros colonos da vila, composta por marroquinos e outros povos que foram deslocados para o Brasil após a invasão muçulmana de Mazagão, em Marrocos, no século 18.
A pesquisa é um marco no Brasil, pois será a primeira vez que o DNA de esqueletos do período colonial será estudado no estado do Amapá. A técnica de análise genética em ossadas começou a ser aplicada no Brasil em 2010, e a USP, em colaboração com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), busca desvendar mais sobre os processos de colonização e as populações que formaram a vila. Além disso, as escavações realizadas em 2003 revelaram ruínas e vestígios de estruturas que datam da época da fundação da vila, como alicerces de igrejas e tumbas coletivas.
Além da pesquisa em Mazagão Velho, a USP também está mapeando o DNA de populações indígenas e quilombolas do Amapá, em um esforço para promover o projeto Genoma de Referência do Brasileiro (GRB). O projeto visa contribuir para o entendimento da diversidade genética de grupos negros e quilombolas, com foco na valorização cultural e no avanço científico. A coleta de saliva de pessoas autodeclaradas negras ou pertencentes a comunidades quilombolas está em andamento, e os dados são enviados para análise na USP, reforçando o compromisso com a preservação histórica e científica da região.