Pelo menos 130 arraias ticonha (Rhinoptera bonasus e R. brasilienses), uma espécie ameaçada de extinção, foram encontradas mortas na Praia de Itararé, em São Vicente, litoral de São Paulo, nesta terça-feira, 25. A principal hipótese levantada pelos pesquisadores é de que os animais tenham sido vítimas de pesca ilegal, especificamente de arrasto, sendo capturados e descartados por pescadores. As arraias foram encontradas ao longo de toda a praia, desde a Ilha Porchat até a Pedra da Feiticeira.
Professores e estudantes da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de São Vicente realizaram a remoção dos animais para análise em seus laboratórios, onde serão estudados aspectos biológicos, alimentação e estágios reprodutivos dos indivíduos mortos. As arraias, que se deslocam pela costa brasileira nessa época do ano, estavam em um cardume heterogêneo, com fêmeas, machos, juvenis e adultos misturados. O número de mortos pode ser ainda maior, já que antes da chegada dos pesquisadores, outras pessoas haviam removido alguns animais.
A pesca de arraias ticonha é ilegal, além de a espécie ser classificada como vulnerável pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) e pelo ICMBio. Especialistas alertam para os riscos da captura de grandes quantidades dessa espécie, pois isso pode agravar a situação de uma população já fragilizada. O professor da Unesp, Rodrigo Domingues, destacou também o perigo que o ferrão das arraias mortas representa, podendo causar ferimentos em banhistas, e recomendou que casos como esse sejam reportados à Polícia Ambiental.