Com o retorno das atividades no Congresso, o governo federal enfrenta o desafio de estreitar laços com a bancada evangélica, um grupo historicamente aliado ao Executivo, mas que se distanciou após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva. Embora essa bancada seja conservadora em questões de costumes, ela tem se mostrado favorável ao governo em outros temas, como a economia, independentemente da ideologia do presidente. A evolução da presença evangélica no Congresso, que representa cerca de 20% dos deputados e 30% da população, tem sido mais lenta nos últimos anos.
O professor Leonardo Barreto destaca que a bancada evangélica não é homogênea, possuindo diferentes segmentos e estratégias. A Igreja Universal, por exemplo, tem uma presença consolidada no partido Republicanos, que hoje ocupa a presidência da Câmara. No entanto, a bancada enfrenta o desafio de um crescimento conservador, com uma base mais voltada para a direita, limitando suas opções políticas. Barreto argumenta que, ao buscar uma aproximação do centro político, os representantes da bancada estão sendo pressionados pela base evangélica, que tem se tornado cada vez mais conservadora.
O livro de André Ítalo traça a história da bancada evangélica, destacando sua origem na Constituinte de 1986, quando as igrejas evangélicas se mobilizaram para evitar a influência da Igreja Católica e preservar seu espaço na política. A bancada evangélica se dividiu em dois grupos: a chamada bancada da bíblia, composta por cerca de 90 deputados, e a Frente Parlamentar Evangélica, que reúne parlamentares de diversos partidos. Atualmente, a frente tem uma estrutura organizada que discute as pautas sensíveis para os evangélicos e realiza reuniões semanais para alinhar as estratégias.