Após quase um ano à frente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), o jornalista e especialista Ricardo Cappelli destaca, em entrevista à Agência Brasil, que o Brasil está revertendo o processo de desindustrialização iniciado na década de 1980. Em 1985, a indústria representava 48% do PIB, mas essa participação caiu para 21,1% em 2017, com uma leve recuperação nos últimos anos, chegando a 25,5% em 2023. A implementação do programa Nova Indústria Brasil, lançado em 2024, tem sido fundamental para o retorno do setor, com anúncios de investimentos históricos, especialmente nos setores automotivo, alimentício e siderúrgico.
O programa, que envolve ações de crédito, incentivos à transformação digital e modernização de processos, destina R$ 300 bilhões até 2026 para financiar o setor industrial. Além disso, o governo lançou medidas como o programa Brasil Mais Produtivo, voltado para pequenas e médias empresas, com o objetivo de aumentar a competitividade e produtividade. No entanto, Cappelli aponta que o maior desafio para a indústria brasileira ainda é o alto custo de capital, resultado das elevadas taxas de juros, que dificultam a realização de investimentos necessários para o crescimento sustentável do setor.
Além da questão monetária, a modernização das agências reguladoras também é vista como crucial para acelerar investimentos. A ABDI tem trabalhado para reduzir o gargalo regulatório com o programa Destrava Brasil, que busca otimizar processos e reduzir o tempo de análise de projetos. Um exemplo positivo citado por Cappelli é o Senai Cimatec, na Bahia, que tem integrado a academia com a indústria, criando um ecossistema de inovação eficiente. A expectativa é que esse modelo seja expandido para outras regiões do Brasil, impulsionando o desenvolvimento industrial de forma mais colaborativa e sustentável.