O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, revelou em entrevista que teve dificuldades para ser recebido pelos comandantes das Forças Armadas após a eleição presidencial de 2022. Diante da resistência dos líderes militares, Múcio recorreu ao ex-presidente Jair Bolsonaro, com quem mantém uma relação de longa data, para intermediar a situação e facilitar uma transição tranquila. Apesar da intervenção de Bolsonaro, o comandante da Marinha, Almir Garnier Santos, teria se recusado a encontrá-lo, alegando questões políticas.
Múcio também comentou sobre o início conturbado de sua gestão, destacando a polarização política vivida no Brasil após os eventos de 8 de janeiro de 2023. De acordo com o ministro, tanto a direita quanto a esquerda estavam insatisfeitas com a postura dos militares, criando um clima de instabilidade. Múcio mencionou ter sentido a falta de apoio durante esse período, mas afirmou que a fase mais difícil já havia sido superada e que a situação estava mais controlada ao longo do ano seguinte.
Questionado sobre sua permanência no cargo, Múcio afirmou que, apesar de ter considerado sair no final do ano passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva o incentivou a continuar devido à importância de sua atuação. O ministro, no entanto, deixou claro que não sabia se permaneceria até o fim do mandato, sugerindo que o momento atual exigia uma abordagem mais cautelosa.