O ministro da Defesa, José Múcio, revelou em uma entrevista recente que recorreu ao ex-presidente Jair Bolsonaro, em dezembro de 2022, para intermediar uma conversa com os comandantes das Forças Armadas. Segundo Múcio, os militares inicialmente se recusaram a recebê-lo para discutir a transição de governo, e foi nesse contexto que ele procurou Bolsonaro para ajudar a suavizar o processo. O ministro destacou que, ao buscar o apoio do ex-presidente, o objetivo era garantir uma transição pacífica, tanto para o governo de Luiz Inácio Lula da Silva quanto para o governo de Bolsonaro, que estava em seus últimos dias de mandato.
Essa declaração foi interpretada como um gesto de boa-fé por parte de Múcio, que ressaltou a importância de evitar conflitos durante a mudança de governo. A fala do ministro gerou reações entre aliados de Bolsonaro, que usaram o trecho da entrevista para reforçar a argumentação de que não houve qualquer tentativa de golpe por parte do ex-presidente. O advogado de Bolsonaro, Celso Vilardi, confirmou que esse trecho será utilizado na defesa de seu cliente no inquérito relacionado a alegações de golpe, afirmando que a atitude de intermediar o comando militar não é compatível com um possível intento golpista.
A entrevista e os comentários subsequentes estão sendo utilizados politicamente, especialmente por defensores de Bolsonaro, que buscam argumentar a favor da sua postura durante a transição de poder. A situação gerou uma série de debates sobre a relação entre os militares e os governos, com a defesa de Bolsonaro enfatizando que a nomeação dos comandantes militares pelo ex-presidente reflete uma atitude de colaboração, não de subversão. A utilização dessas declarações pela defesa de Bolsonaro está sendo acompanhada com atenção, pois podem ter implicações tanto na política quanto no campo jurídico.