O Ministro da Defesa, José Múcio, comentou em uma entrevista recente sobre o papel do ex-presidente Jair Bolsonaro na facilitação do processo de transição de governo, especialmente em relação à comunicação com os comandantes das Forças Armadas. Múcio revelou que, em dezembro de 2022, recorreu a Bolsonaro para intermediar a conversa com os militares, que inicialmente resistiram em recebê-lo. O ministro ressaltou a boa relação que tinha com o ex-presidente e o pedido de apoio para garantir uma transição tranquila, destacando que isso seria benéfico tanto para o novo governo quanto para o governo de Bolsonaro, que estava prestes a terminar.
A declaração de Múcio gerou reações no meio político, com aliados de Bolsonaro e membros de sua defesa considerando a fala um ponto favorável no contexto do inquérito sobre o golpe. O advogado de Bolsonaro, Celso Vilardi, afirmou que esse relato pode ser usado para demonstrar que não havia intenção de golpe, já que o ex-presidente teria se empenhado em garantir uma transição de poder estável. Em 2024, Fabio Wajngarten, assessor de Bolsonaro, também havia argumentado em defesa do ex-presidente, sugerindo que as nomeações antecipadas para os comandos militares seriam incompatíveis com qualquer plano golpista.
O conteúdo da entrevista tem sido explorado tanto no campo jurídico quanto político, com a defesa de Bolsonaro utilizando a fala de Múcio como um argumento para reforçar a tese de que o ex-presidente não teve envolvimento em tentativas antidemocráticas. A repercussão continua a gerar discussões sobre as intenções do governo anterior e a relação entre as autoridades militares e o governo de Luiz Inácio Lula da Silva.