A ministra Esther Dweck, da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, defendeu a atuação das bancas de heteroidentificação do Concurso Público Nacional Unificado (CNU), alegando que essas comissões representam um avanço na política de cotas raciais no Brasil. Elas têm a função de verificar as características fenotípicas de candidatos autodeclarados pretos e pardos que disputam vagas reservadas a cotas raciais, conforme a Lei nº 12.990/2014. A ministra destacou que mais de 46 mil candidatos passaram pelas bancas, e a maioria foi aprovada, com 45% dos que recorreram após reprovação tendo seus pedidos atendidos.
No entanto, o Ministério Público Federal (MPF) e a Defensoria Pública da União (DPU) questionaram algumas irregularidades nas etapas de heteroidentificação e solicitaram esclarecimentos sobre o processo, incluindo a transparência das decisões e a formação dos integrantes das bancas. A ministra enfatizou que as bancas não atuam como tribunais raciais, e a avaliação é baseada no contexto social de discriminação racial, e não em características físicas específicas. Ela também afirmou que mais de 3 mil pessoas foram contratadas para as bancas e passaram por formação especializada.
Embora o aumento de candidatos negros aprovados seja visto como positivo, especialistas apontam a necessidade de aprimorar os processos de heteroidentificação. A historiadora Wania Sant’Anna e o professor Nelson Inocêncio questionaram a formação das bancas e sugeriram que os procedimentos podem ser mais transparentes e eficazes. Casos de candidatos autodeclarados negros que não foram considerados aptos pelas bancas geraram críticas, como os de Isabel Ferraz e Gustavo Amora, que apontaram problemas em relação à falta de acesso a pareceres e à divulgação de informações.