Pesquisadores da Universidade de São Paulo detectaram fragmentos de microplástico no cérebro de oito pessoas que viveram na cidade de São Paulo por, no mínimo, cinco anos. Durante as autópsias, amostras do bulbo olfatório foram analisadas para identificar partículas que pudessem ter penetrado no cérebro, já que essa área do sistema nervoso central está diretamente relacionada à detecção de odores e pode ser uma via para a entrada de substâncias estranhas. Embora a quantidade de microplásticos encontrada tenha sido pequena, a pesquisa confirma a presença dessas partículas nas amostras.
Além das descobertas no cérebro humano, um estudo realizado na Universidade de Columbia, em Nova York, revelou resultados alarmantes sobre a quantidade de microplásticos em águas minerais engarrafadas. A análise de três marcas populares indicou que cada litro de água mineral continha entre 110 mil e 370 mil fragmentos de plástico, sendo que a maioria desses fragmentos era de nanoplásticos. Esse material, muito pequeno e invisível a olho nu, inclui principalmente poliamida e PET, provenientes de filtros plásticos e garrafas. O estudo destacou que os níveis de poluição plástica nas águas engarrafadas são muito maiores do que se imaginava.
Pesquisos similares realizados na Espanha também detectaram microplásticos em 19 das 20 marcas de água mineral analisadas, com uma média de 359 nanogramas de partículas por litro. A principal diferença entre as amostras de água mineral e da torneira foi o tipo de polímero encontrado, com o PET sendo predominante nas garrafas. Considerando o consumo diário de dois litros de água mineral, os estudos estimam que uma pessoa pode ingerir até 262 microgramas de microplásticos por ano. A preocupação com o impacto desses plásticos na saúde humana continua a crescer, embora os riscos ainda sejam objeto de investigação.