A discussão sobre a idade ideal para a realização da mamografia de rastreio tem gerado controvérsias no Brasil. Enquanto o Ministério da Saúde e o Instituto Nacional do Câncer (Inca) recomendam que o exame seja feito a cada dois anos entre mulheres de 50 a 69 anos, algumas entidades médicas, como a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), defendem a realização anual a partir dos 40 anos. Essas divergências ganharam destaque após a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) realizar uma consulta pública sobre o Manual de Boas Práticas em Atenção Oncológica, que orienta a certificação de planos de saúde.
O Inca, que adota um protocolo baseado em evidências científicas sobre a redução da mortalidade, defende o rastreamento a partir dos 50 anos, com exames a cada dois anos, já que a mamografia é mais eficaz nessa faixa etária, quando a mama apresenta menor densidade. Além disso, estudos indicam que o rastreamento entre os 40 e 49 anos não resultaria em aumento significativo da sobrevida. No entanto, a SBM argumenta que cerca de 25% dos casos de câncer de mama no Brasil ocorrem entre mulheres de 40 a 50 anos e que o diagnóstico tardio pode levar a estágios mais avançados da doença.
Embora o manual da ANS estabeleça um protocolo a partir dos 50 anos, a agência esclareceu que isso não altera a cobertura obrigatória dos planos de saúde, que deve garantir a mamografia para mulheres de qualquer idade, conforme indicação médica. Contudo, especialistas como a mastologista Rosemar Rahal temem que a adoção das novas diretrizes pela ANS possa influenciar os planos de saúde a restringirem a cobertura, prejudicando o acesso das mulheres mais jovens ao exame preventivo. A ANS ainda está analisando as contribuições recebidas e deve avaliar as mudanças propostas com base em estudos científicos.