Em 2024, o Brasil enfrentou o ano mais quente da sua história, com mais de 6 milhões de pessoas expostas a temperaturas extremas por mais de 150 dias. Um levantamento exclusivo apontou que 111 cidades brasileiras registraram temperaturas superiores a 40°C, um fenômeno sem precedentes que afetou de forma mais intensa o Norte e o Nordeste do país. O impacto das altas temperaturas foi amplificado por fatores regionais, como a seca histórica na Amazônia e o aumento do desmatamento, que contribuíram para o agravamento da crise climática. Além disso, o calor extremo favoreceu o aumento de doenças como a dengue, que bateu recordes de casos.
A pesquisa, realizada pelo Centro Nacional de Monitoramento de Desastres (Cemaden), utilizou dados de satélites para mapear as temperaturas de 5.571 municípios brasileiros. O estudo revelou que, apesar de um cenário alarmante em diversas regiões, o Norte foi a mais afetada, com o Pará sendo o estado com o maior número de cidades expostas a longos períodos de calor intenso. Já no Nordeste, a tendência de aumento da temperatura foi registrada com o Ceará, onde o aumento de 1,8°C nas últimas seis décadas é superior à média global de 2024.
A saúde pública também foi severamente impactada pelo calor. O aumento das temperaturas elevou o risco de doenças tropicais transmitidas por vetores, como a dengue, que teve um pico histórico com mais de 6 milhões de casos. A situação também expôs desigualdades sociais, pois as populações mais vulneráveis, como moradores de áreas rurais e periferias urbanas, sofreram mais com a escassez de infraestrutura de saúde e condições de adaptação ao calor extremo. Especialistas alertam que o país precisa intensificar ações para mitigar os efeitos do aquecimento global e suas consequências para o meio ambiente e a saúde da população.