O assassinato de Dorothy Stang, missionária norte-americana defensora de comunidades na Amazônia, ocorreu em 12 de fevereiro de 2005, quando ela estava otimista com as perspectivas de desenvolvimento sustentável para a região de Anapu (PA). Em especial, Dorothy apoiava a proposta de agrofloresta, que integra culturas anuais com árvores nativas, como castanhal e cupuaçu, visando à preservação ambiental e à melhoria das condições de vida para os assentados da região. No entanto, apesar de seu entusiasmo, a missão de promover práticas sustentáveis se deparava com intensos conflitos de interesse entre modelos tradicionais de exploração e alternativas voltadas para a preservação.
Após 20 anos do assassinato de Dorothy, a luta pela terra permanece complexa e marcada por intensos embates no campo, conforme observado por ativistas como Jean Ann Bellini. A presença de grandes proprietários de terras e a pressão por lucros rápidos têm alimentado o desentendimento com aqueles que buscam modelos agrícolas sustentáveis, como a agrofloresta. Mesmo com políticas públicas tentando fomentar a coexistência pacífica e a preservação ambiental, a falta de fiscalização e o interesse por exploração predatória mantêm os conflitos vivos na região.
Os dados mais recentes da Comissão Pastoral da Terra (CPT) evidenciam que a violência no campo continua em crescimento, com 2.203 conflitos registrados em 2023. A violência contra pessoas, embora tenha apresentado uma leve queda no número de assassinatos, ainda é alarmante, com 31 mortes e centenas de casos de agressões, intimidações e contaminação por agrotóxicos. Para as comunidades que defendem a ecologia e o respeito às culturas indígenas e quilombolas, o legado de Dorothy Stang permanece um ponto de referência na luta por um futuro mais justo e sustentável.