Líderanças indígenas ocupam há 20 dias a sede da Secretaria Estadual de Educação (Seduc) em Belém, no Pará, em protesto contra mudanças na educação que podem substituir o ensino presencial por aulas remotas. O movimento, que conta com o apoio de professores da rede pública estadual, exige que o governo reveja medidas que afetam os direitos dos profissionais da educação e o ensino das comunidades indígenas e quilombolas. Os professores iniciaram uma greve por tempo indeterminado em 23 de janeiro, e suas reivindicações incluem a revogação de uma lei que prejudica a progressão salarial automática e a classe especial de professores de nível médio.
O Sindicato das Trabalhadoras e Trabalhadores em Educação Pública do Estado do Pará (Sintepp) destaca que a unificação das demandas dos educadores, indígenas e quilombolas pode ser um caminho para resolver a crise. Em uma recente reunião, o governo propôs a criação de uma comissão para discutir uma nova legislação, mas o Sintepp e outras entidades alegam que o diálogo com o governo foi insuficiente e que as propostas não garantem a segurança necessária para a categoria. Além disso, há críticas quanto ao poder concentrado nas mãos do secretário de Educação, Rossieli Soares, e a falta de participação do sindicato em comissões importantes.
O governo estadual e o Ministério Público Federal estão acompanhando o caso. A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, esteve em Belém para mediar as negociações, enquanto o Ministério Público Federal cobrou uma posição do Ministério da Educação sobre as mudanças no modelo de ensino. Por outro lado, houve relatos de censura à imprensa, com jornalistas sendo impedidos de cobrir as manifestações, o que gerou uma intervenção judicial para garantir a liberdade de imprensa. O conflito continua, com as partes envolvidas buscando uma solução que atenda aos direitos dos educadores e das comunidades tradicionais.