Elizabeth Teixeira, uma importante líder camponesa da Paraíba, comemora seus 100 anos nesta quinta-feira (13), sendo homenageada no Festival da Memória Camponesa, que ocorre até sábado (15) em Sapé, município paraibano. Ela foi esposa de João Pedro Teixeira, líder da resistência camponesa e fundador da Primeira Liga Camponesa da Paraíba, uma organização que atuava na defesa dos direitos dos trabalhadores rurais. A história de sua vida foi retratada no filme “Cabra marcado para morrer” (1984), do cineasta Eduardo Coutinho, que acompanhou a trajetória da família Teixeira.
O filme de Coutinho, interrompido durante a ditadura militar, foi retomado 17 anos depois, quando Elizabeth, para se proteger, vivia sob outra identidade no interior da Bahia. A narrativa do longa expõe a luta e o sofrimento da família Teixeira, especialmente após o assassinato de João Pedro em 1962, e é reconhecida como uma das mais importantes produções do cinema nacional. Em 2015, “Cabra marcado para morrer” foi classificado como o 4º filme mais relevante do Brasil pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema.
Na sexta-feira (14), será inaugurada a exposição “100 faces de Elisabeth Teixeira” no Memorial das Ligas e Lutas Camponesas, em Sapé, e será lançado também um acervo digital com documentos e registros sobre a luta dos camponeses. O jornalista Alceu Luís Castilho, responsável por um documentário recente sobre Elizabeth, destaca a importância da luta pela reforma agrária e a continuidade dessa questão no Brasil. Segundo Castilho, a invisibilidade das camponesas e a falta de uma reforma agrária efetiva são problemas ainda não resolvidos, o que torna a memória e a luta de Elizabeth fundamental para a compreensão dos desafios rurais no país.