Um levantamento recente aponta que, entre 2014 e 2024, a Lei da Ficha Limpa impediu a candidatura de quase 5.000 políticos no Brasil, representando cerca de 8% do total de 60 mil tentativas de candidaturas. Além das inelegibilidades por condenações, a lei também bloqueia candidaturas com base em ausências de requisitos legais e abuso de poder econômico. O pico de inelegibilidades ocorreu em 2020, quando mais de 2.300 políticos foram barrados, em uma eleição com número elevado de candidaturas indeferidas.
A Lei da Ficha Limpa, instituída em 2010, passou a valer nas eleições de 2012, após uma mobilização popular que reuniu mais de 1,6 milhão de assinaturas. Ela criou 14 causas de inelegibilidade e estabeleceu um prazo de oito anos de impedimento para candidatos com condenações transitadas em julgado. A medida foi considerada um avanço no combate à corrupção eleitoral e ao abuso de poder, mas, ao longo dos anos, diversas tentativas de alteração da lei surgiram, especialmente em relação ao tempo de inelegibilidade e às condições de aplicação.
Nos últimos meses, algumas propostas de modificação da Lei da Ficha Limpa, originadas principalmente por aliados políticos, buscaram flexibilizar seus critérios. Dentre as alterações sugeridas, destacam-se a redução do período de inelegibilidade de oito para dois anos e a alteração dos tipos de condenações que resultam em inelegibilidade. Essas iniciativas têm gerado debates sobre o impacto da lei na política brasileira e a efetividade de suas restrições ao longo do tempo.