Tatiane Galdino, 27 anos, ingressou no curso de Medicina aos 15 anos, depois de ser aprovada no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) enquanto ainda cursava o ensino médio. A decisão de começar tão jovem na faculdade, após pular dois anos do ensino básico com apoio judicial, trouxe desafios emocionais e de maturidade, principalmente devido à carga pesada de um curso tão competitivo. Ao longo da graduação, enfrentou transtornos emocionais, incluindo ansiedade e transtorno bipolar, agravados pelo ritmo intenso de estudos e expectativas externas.
Após se formar em Medicina com distinção Magna Cum Laude, Tatiane continuou a enfrentar dificuldades relacionadas à saúde mental e ao alcoolismo, além de uma pressão interna por se sentir pressionada a ser uma “estrela” por ter começado tão cedo. Ao longo dos anos, ela passou a repensar sua carreira e sua identidade, optando por iniciar a transição de gênero e focar em sua saúde emocional. Em 2025, decidiu abandonar a Medicina para seguir a carreira de professora, área que mais a interessa e a estimula intelectualmente.
A transição de gênero foi um processo importante para Tatiane, que passou a se identificar como mulher trans. Ela reflete sobre sua adolescência, que não viveu devido ao foco precoce na carreira médica, e sobre como a descoberta de sua identidade aconteceu de maneira tardia. Agora, ela busca um novo caminho, mais alinhado com suas preferências pessoais e com o desejo de levar uma vida mais equilibrada, sem se preocupar tanto com a busca por prestígio ou sucesso financeiro.