O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) registrou alta de 1,23% em fevereiro, uma aceleração significativa em relação aos 0,11% de janeiro, embora abaixo da expectativa de 1,33% projetada por analistas. Apesar do resultado ligeiramente inferior ao consenso, a inflação acumulada em 12 meses subiu para 5,08%, bem acima da meta de 3,0%. A alta foi impulsionada principalmente pelo reajuste nas tarifas de energia elétrica, que avançaram 16,33%, e pelo aumento das mensalidades escolares, que elevaram o grupo Educação em 4,78%. Por outro lado, houve alívio nos preços da alimentação no domicílio e nas passagens aéreas, que registraram deflação de 20,42%.
Mesmo com esses contrastes, economistas alertam que a pressão inflacionária sobre os serviços segue elevada, o que reforça a necessidade de uma política monetária contracionista. A inflação dos serviços subjacentes, que exclui itens voláteis, desacelerou para 0,63% em fevereiro, mas ainda acumula alta de 3,61% em 12 meses. Além disso, os preços de bens industriais, como automóveis, produtos de higiene e eletrônicos, subiram acima do esperado. Com isso, a projeção para o IPCA de 2025 continua em torno de 5,1% a 6,1%, indicando que a inflação deve permanecer acima da meta ao longo do ano.
Diante desse cenário, especialistas avaliam que o Banco Central manterá o tom rígido na condução da política monetária. A expectativa majoritária é que a taxa Selic suba para 14,25% na reunião de março, podendo alcançar 15% até o final do ano. No entanto, alguns analistas apontam sinais de desaceleração da atividade econômica, o que pode influenciar os próximos passos do Comitê de Política Monetária (Copom). Caso esse enfraquecimento se confirme, o ciclo de alta dos juros pode ser encerrado antes do esperado, possivelmente na reunião de maio.