O Ministério Público Federal (MPF) determinou que as comunidades indígenas da Ilha do Bananal retirem as criações de gado de suas terras até o dia 31 de agosto de 2025. A decisão foi tomada após constatar que a maior parte do rebanho pertence a pecuaristas não indígenas, que arrendaram as terras de forma ilegal. Essa prática, que começou em 2009, resultou em graves impactos ambientais e sociais na região, incluindo desequilíbrio ecológico e problemas culturais nas aldeias.
Apesar da determinação do MPF, algumas lideranças indígenas argumentam que a pecuária tornou-se uma importante fonte de renda para as comunidades, especialmente devido à ausência do Estado nas regiões. Cleiton Javaé, cacique da Aldeia Txuiri, mencionou que a retirada do gado terá sérios impactos econômicos sobre seu povo. Nesse contexto, representantes indígenas têm solicitado mais tempo para cumprir a medida e discutem alternativas com órgãos como a Funai e o próprio MPF, buscando soluções que minimizem os danos sociais e econômicos.
Em 2024, cerca de 100 mil cabeças de gado foram retiradas da ilha, e o MPF e o Ibama continuam a analisar propostas para a implementação de um processo de transição que respeite tanto os direitos ambientais quanto as necessidades das comunidades locais. O foco está em garantir a sustentabilidade da Ilha do Bananal e a preservação das terras indígenas, conforme a Constituição Federal, que proíbe a atividade de terceiros não indígenas nessas áreas.