Em 2022, a Justiça do Trabalho do Rio de Janeiro condenou uma família por submeter uma idosa a mais de 70 anos de trabalho em condições análogas à escravidão. A sentença reconheceu o sofrimento da vítima, que foi forçada a trabalhar sem remuneração e em condições degradantes desde a infância. A decisão determinou que a família pagasse uma indenização de R$ 600 mil por danos morais à idosa, além de um valor adicional de R$ 300 mil por dano moral coletivo. Este é o caso mais antigo de exploração registrado no Brasil.
A mulher, que nasceu em Vassouras, no interior do Rio de Janeiro, foi levada ainda adolescente para trabalhar na casa da família dos empregadores de seu pai. Ao longo das décadas, ela foi tratada como empregada doméstica sem direitos trabalhistas, nunca tendo acesso a estudo, salário ou benefícios. Até ser resgatada em 2022, ela serviu a três gerações da mesma família, realizando tarefas exaustivas, sem liberdade e sem qualquer perspectiva de vida fora do trabalho.
As investigações indicaram que a idosa tinha seus direitos de contato com a família restringidos, sendo constantemente coagida a mentir para as autoridades. Ela também era privada de acesso ao seu próprio dinheiro, com o filho dos empregadores realizando saques de seus benefícios previdenciários. O caso, agora emblemático, destaca a importância do combate ao trabalho escravo doméstico no Brasil, evidenciando a evolução do sistema judiciário no enfrentamento de graves violações dos direitos humanos.