O gesto de Hugo Motta, novo presidente da Câmara dos Deputados, ao erguer a Constituição de 1988 durante sua posse, remete ao emblemático momento de Ulysses Guimarães na Assembleia Constituinte. Com isso, Motta fez referência a uma memória histórica da política brasileira, destacando a luta pela democracia após o fim da ditadura. A cena foi cuidadosamente planejada, com um discurso recheado de menções à Constituição e aos princípios que orientaram sua promulgação, refletindo não apenas um vínculo familiar com a política, mas também uma tentativa de se distanciar de crises institucionais.
Motta, que é neto de políticos tradicionais da Paraíba, reforçou sua conexão com a história política do país, sobretudo através da memória de Ulysses Guimarães, figura central na promulgação da Carta Magna. A sua postura em relação à Constituição, além de representar uma homenagem, parece ser uma estratégia para estabelecer sua identidade política, afastando-se de figuras controversas, como o ex-presidente da Casa, Eduardo Cunha. A simbologia desse gesto também alude ao poder de negociação que caracteriza o Congresso Nacional e o papel do Legislativo nas disputas com o Executivo.
Nos próximos dois anos, Hugo Motta terá a responsabilidade de comandar a Câmara, período no qual será observado não apenas por sua postura frente à democracia, mas também pela maneira como conduzirá a política legislativa, em especial na relação com os outros poderes. A presença do Centrão e o desafio de manter o equilíbrio nas negociações políticas serão fatores cruciais para a gestão do novo presidente da Câmara, que tentará consolidar sua imagem como um defensor da Constituição e da estabilidade política no país.