A arte psicodélica, frequentemente associada a visões turvas e estereótipos de sua era, enfrenta desafios para ser reconhecida como uma forma legítima de expressão artística. A década de 1960, marcada por experimentações com drogas, resultou em influências na música, mas raramente gerou produções artísticas relevantes. No entanto, o escritor e artista Henri Michaux se destaca ao transcender essa mediocridade, combinando uma vida boêmia com uma abordagem única em suas obras.
Nascido na Bélgica, Michaux viveu em Paris durante os anos 1920, onde se envolveu com movimentos de vanguarda e interagiu com figuras como os surrealistas. Sua obra foi fortemente influenciada por experiências com substâncias psicoativas, mas o que o diferenciou foi sua capacidade de transformar essas experiências em uma expressão artística profunda, além do simples registro de alucinações. A relação de Michaux com o uso de drogas remontava a uma tradição histórica de poetas e intelectuais que experimentavam substâncias como o haxixe, em busca de novas formas de percepção e criatividade.
Seu trabalho ofereceu uma nova perspectiva sobre a arte psicodélica, afastando-se das imagens convencionais e frequentemente superficialmente associadas a essa corrente artística. Em vez de simplesmente refletir os efeitos das drogas, Michaux criou uma arte rica em simbologia, que vai de representações de partes do corpo humano a criaturas fantásticas, desafiando a percepção do espectador e questionando os limites entre o visível e o invisível.