O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou a necessidade de revisar a dinâmica entre os Poderes Executivo e Legislativo para garantir maior equilíbrio e mecanismos de accountability. Ele argumentou que, embora o Parlamento tenha a palavra final sobre diversas decisões, é preciso avaliar quem assume a responsabilidade quando políticas essenciais não avançam. Haddad sugeriu que o atual modelo pode resultar em uma espécie de parlamentarismo informal, no qual o presidente arca com as consequências de decisões legislativas sem que o Congresso assuma responsabilidades proporcionais.
Durante sua participação na CEO Conference 2025, organizada pelo BTG Pactual, Haddad enfatizou que esse debate não é exclusivo do governo atual e precisa ser aprofundado. Ele citou como exemplo a influência do Congresso sobre o orçamento e a tramitação de medidas provisórias, ressaltando que a falta de clareza sobre a responsabilidade política pode prejudicar a governabilidade. O ministro mencionou que essa discussão já está presente no Supremo Tribunal Federal, principalmente em relação ao papel das emendas parlamentares na distribuição de recursos.
Apesar das críticas à atual dinâmica de poder, Haddad afirmou que há disposição no Parlamento para avançar na agenda do governo. Ele destacou a boa relação com os ex-presidentes da Câmara e do Senado e expressou confiança na colaboração com os novos líderes do Legislativo. O ministro ressaltou ainda que, junto à ministra do Planejamento, Simone Tebet, e ao vice-presidente, Geraldo Alckmin, tem percebido uma abertura significativa para o diálogo e a construção de consensos que favoreçam o desenvolvimento econômico do país.