O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta desafios no processo decisório em seu terceiro mandato, conforme análise do cientista político Creomar de Souza, CEO da consultoria Dharma. Segundo Souza, a relação entre o Palácio do Planalto e o presidente da Câmara, Hugo Motta, tem se tornado complexa, especialmente após declarações de Motta que acenam para a direita, o que inclui críticas à Lei da Ficha Limpa e à caracterização do 8 de janeiro como tentativa de golpe. Souza observa que, neste contexto, o governo tem enfrentado uma dinâmica onde os interesses de diferentes setores administrativos estão em conflito, gerando confusão nas informações.
De acordo com o cientista político, a situação atual é um reflexo da divisão política no Congresso, onde a base governista, minoritária, se mistura com a oposição, majoritária. Souza questiona a surpresa de alguns governistas com as posturas críticas de Motta, dado seu histórico político e a polarização do Congresso. Ele destaca que, embora Motta tenha mostrado simpatia ao governo após sua posse, a necessidade de alinhar-se com diferentes grupos dentro do Congresso gerou tensões, fazendo com que o presidente da Câmara se reposicionasse politicamente.
Por fim, Souza enfatiza que o equilíbrio entre o Executivo e o Legislativo dependerá da habilidade do governo em negociar e dialogar com os parlamentares, principalmente com figuras jovens e ambiciosas como Motta, que visam marcar seu território e sua agenda. A capacidade do governo em lidar com essas negociações será crucial para a estabilidade política durante o mandato de Lula.