O governo brasileiro decidiu substituir o embaixador Eduardo Saboia, principal negociador do Brics, durante a cúpula do bloco no Brasil. A mudança foi motivada por uma pressão da ex-presidente Dilma Rousseff, que, como presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), expressou publicamente seu descontentamento com a presença de Saboia no evento. O diplomata, que havia ocupado o cargo de sherpa nas últimas edições da cúpula, deixará sua função como secretário de Ásia e Pacífico do Itamaraty e sua posição no Brics. Caso sua nomeação seja confirmada, ele assumirá o posto de embaixador do Brasil na Áustria.
O desentendimento entre Dilma Rousseff e Saboia remonta a 2013, quando o diplomata facilitou a saída do senador boliviano Roger Pinto da Embaixada do Brasil em La Paz, gerando um episódio de tensão política com o governo boliviano. Esse episódio resultou em uma série de mudanças na diplomacia brasileira, com a demissão de Saboia e sua reabilitação posterior durante o governo de Michel Temer. No entanto, o relacionamento entre ambos continuou conturbado, culminando na solicitação de Dilma para que Saboia fosse substituído como negociador do Brics em 2023.
Após um período sem ação do Itamaraty, a substituição de Saboia foi finalmente definida no final de 2024, após um acordo que garantiu a recondução de Dilma à presidência do NDB. A decisão foi possível graças ao apoio da China e à concessão do governo russo para ceder sua vez na presidência do banco. A ampliação do Brics, com a inclusão de novos membros, também está sendo acompanhada de perto pela Secretaria de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty, que agora será responsável pela função de sherpa do bloco, com a nomeação do embaixador Mauricio Lyrio.