O Ministério Público de São Paulo, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), apresentou denúncia contra 16 pessoas suspeitas de envolvimento em extorsão e formação de milícias nas regiões do Brás e do Pari, áreas comerciais populares da capital paulista. O grupo cobrava taxas semanais de proteção dos comerciantes, com valores que variavam de R$ 50 a R$ 250, o que gerava dívidas para os trabalhadores, muitos dos quais eram imigrantes de outros países sul-americanos. As prisões ocorreram no primeiro semestre de 2024, e o MP pede a manutenção das detenções.
A investigação revelou um ciclo de violência em que agiotas da região pagavam para que policiais realizassem a cobrança das taxas, envolvendo extorsão e abusos contra os comerciantes. Em alguns casos, como o de um cidadão equatoriano, houve o subtração de valores significativos por parte de policiais. Além disso, o grupo controlava quem poderia ou não atuar nos pontos de venda sob sua “proteção”. Entre os acusados, encontram-se ex-policiais e membros da ativa, sendo que os agentes da polícia que usaram recursos corporativos para cometer os crimes enfrentam processos na Justiça Militar.
O Gaeco identificou ao menos três milícias disputando territórios e pontos comerciais nas feiras da madrugada. As atividades do grupo são descritas como um esquema de extorsão e lavagem de dinheiro, com algumas acusações envolvendo agiotagem. O caso reflete um grave problema de criminalidade organizada que afeta tanto a segurança pública quanto a economia local, especialmente no contexto de um setor comercial de grande movimentação e vulnerabilidade.