O diretor mexicano Michel Franco retorna com um filme intenso e pessimista que explora a obsessão erótica entre a elite liberal americana, destacando a busca por redenção e a tentativa de aliviar a culpa através do patrocínio das artes. A narrativa mergulha na vida de uma mulher rica, Jennifer McCarthy, interpretada por Jessica Chastain, que vive em um mundo repleto de luxo e excessos. O enredo se desenrola de maneira envolvente, prometendo um desfecho violento e profundamente infeliz, com reviravoltas que, embora impactantes, podem ser vistas como previsíveis, mas que não deixam de manter o espectador atento.
O filme destaca o contraste entre a opulência da vida dos personagens e suas complexas dinâmicas emocionais, abordando o desejo e a manipulação, características das classes mais privilegiadas. A direção de Franco capta com precisão a superficialidade e o medo que permeiam esse universo, lembrando cenários de produções como “Succession” e “The White Lotus”, mas com uma carga emocional mais sombria e pessimista. A escolha de personagens que se envolvem com artistas e dançarinos mexicanos acrescenta uma camada de tensão e crítica social, onde a filantropia parece ser apenas uma fachada para desejos mais obscuros.
Franco entrega um drama psicológico repleto de sensualidade tóxica, onde as relações entre os personagens são exploradas de forma visceral. A tensão crescente ao longo do filme culmina em uma conclusão que, embora previsível, não deixa de ser impactante. A abordagem do diretor sobre a corrupção moral e a busca por uma redenção ilusória dentro da elite americana se mostra um comentário afiado sobre as contradições das classes altas e a superficialidade da bondade que buscam ostentar.