Em 2019, Shahnaz Akhter, pesquisadora pós-doutoral na Universidade de Warwick, ficou surpresa ao descobrir, durante uma conversa com sua irmã, que um documentário transmitido nos anos 90 abordava experimentos humanos com radiação realizados na década de 1960. Um dos estudos mencionados no documentário acontecera em Coventry, em 1969, e envolvia 21 mulheres indianas que, aparentemente sem o devido consentimento, haviam ingerido chapatis preparados com isótopos radioativos, como parte de um experimento sobre absorção de ferro.
Akhter, que cresceu na comunidade sul-asiática de Coventry, ficou chocada por nunca ter ouvido falar sobre o experimento. Ao investigar mais a fundo, encontrou um inquérito realizado pela Coventry Health Authority em 1995, logo após a exibição do documentário. O objetivo do inquérito era avaliar os riscos à saúde das participantes e verificar se o consentimento informado havia sido obtido. No entanto, a única menção sobre as perspectivas das mulheres envolvia um comentário genérico: duas participantes que se apresentaram na reunião pública não se lembravam de ter dado seu consentimento.
O caso gerou grande comoção e levantou questões sobre a ética em pesquisas científicas realizadas no passado, especialmente sobre a obtenção de consentimento e o bem-estar das participantes. O estudo, revelado tardiamente, despertou indignação, não só pela falta de informações claras sobre o consentimento, mas também pela maneira como as mulheres foram tratadas e suas vozes ignoradas ao longo do processo de investigação.