Em 1976, a filósofa e antropóloga Lélia Gonzalez influenciou profundamente a atriz Zezé Motta, que, ao participar de um curso sobre cultura negra, teve a autoestima renovada e se engajou ativamente na luta contra o racismo. A formação abordou temas como identidade e a contribuição da população negra para a cultura brasileira. Lélia, que foi uma das pioneiras ao integrar o debate de gênero ao racismo, também enfatizou a importância do feminismo afrolatinoamericano, defendendo a valorização das mulheres negras e indígenas.
Em homenagem ao aniversário de 90 anos de Lélia, o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) realiza o Projeto Memória, que se dedica a discutir sua vida e obra. O evento contará com a presença de intelectuais como Sueli Carneiro e Conceição Evaristo, além de uma exposição chamada “Caminhos e Reflexões Antirracistas e Antissexistas”. Lélia também foi fundamental na fundação de movimentos e institutos que questionavam o mito da democracia racial no Brasil, defendendo políticas públicas para a população negra e refletindo sobre a contribuição dos povos africanos e indígenas para a cultura latino-americana.
O legado de Lélia Gonzalez é amplamente reconhecido, especialmente por sua coragem em combater o racismo e o sexismo durante a ditadura militar. Para Sueli Carneiro, o maior legado de Lélia foi sua coragem, ao enfrentar as adversidades de sua época com uma clareza política voltada para a erradicação das desigualdades raciais. O evento no CCBB contará com debates sobre as ideias de Lélia e ficará em cartaz até abril, com entrada franca para o público.