Pesquisadores brasileiros e norte-americanos identificaram uma relação entre a carnitina e o risco de desenvolvimento de Alzheimer, com base em níveis mais baixos dessa molécula no sangue de mulheres com declínio cognitivo, em comparação com pacientes saudáveis. A pesquisa, que envolveu amostras de sangue e líquor de 125 pacientes, mostrou que quanto mais grave o declínio cognitivo, mais baixos eram os níveis da carnitina, particularmente a carnitina livre. A descoberta pode abrir portas para novos tratamentos e métodos de diagnóstico menos invasivos, além de fornecer pistas sobre as razões pelas quais as mulheres são mais suscetíveis à doença, com a incidência sendo duas vezes maior em comparação aos homens.
A carnitina, identificada pela primeira vez no século XX, desempenha um papel crucial na queima de gordura e no funcionamento celular, especialmente no cérebro. Cientistas sugerem que a redução dos níveis de carnitina pode tornar o cérebro mais vulnerável ao Alzheimer, sendo uma das possíveis explicações para o maior risco de Alzheimer entre as mulheres. Estudos anteriores com camundongos mostraram que a administração de acetil-L-carnitina pode melhorar a função cognitiva, mas os pesquisadores alertam que ainda não se pode concluir que a suplementação de carnitina seja uma solução definitiva para a prevenção ou tratamento da doença.
Além disso, a pesquisa destaca a importância de estudos mais aprofundados sobre as diferenças de gênero no risco de Alzheimer. A análise das variações hormonais e genéticas, como a influência do cromossomo X, e a análise de fatores socioeconômicos, como a menor escolaridade das mulheres em gerações anteriores, são apontadas como outras possíveis explicações para a maior incidência de Alzheimer entre as mulheres. Embora os resultados do estudo sejam promissores, ainda são necessários mais testes em amostras maiores e mais diversas para validar as conclusões e os novos caminhos terapêuticos sugeridos.