O ano de 2024 terminou com um número recorde de 2.273 empresas solicitando recuperação judicial no Brasil, principalmente entre micro, pequenas e médias empresas (MPMEs), que representam 92% dos pedidos. Esse cenário reflete a pressão causada pela alta dos juros e da inflação, que têm dificultado a gestão financeira dessas empresas. Segundo a Serasa Experian, o número de empresas inadimplentes também cresceu significativamente, chegando a 6,9 milhões, o que equivale a 31,6% das empresas no país. A previsão é que a situação continue desafiadora em 2025, com a economia ainda sendo impactada pela alta Selic, inflação e câmbio desfavorável.
A dificuldade de acesso a crédito é uma das maiores preocupações para as PMEs em 2025. O aperto monetário imposto pelo Banco Central para controlar a inflação, combinado com o risco percebido pelos bancos ao conceder empréstimos para empresas de menor porte, deve reduzir ainda mais a oferta de crédito. O relatório da Moody’s indica que empréstimos mais arriscados, como os concedidos às pequenas e médias empresas, vão diminuir, o que pode sobrecarregar ainda mais a capacidade de pagamento dessas companhias. Apesar de uma leve recuperação no crédito em 2024, a expectativa para 2025 é de um crescimento mais modesto, de cerca de 8%.
Em um cenário econômico desfavorável, especialistas apontam alternativas para que as empresas possam lidar com a crise financeira. A negociação de prazos com fornecedores pode ser uma solução para evitar a necessidade de recorrer a empréstimos caros. Além disso, a antecipação de recebíveis surge como uma opção de crédito mais acessível, embora exija cuidados no gerenciamento financeiro para evitar o endividamento excessivo. Também se destacam os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs), que podem ajudar as empresas a obter capital antecipado, mas com o risco de depender de uma solução temporária. O planejamento financeiro e a adaptação a variáveis econômicas, como a inflação e o câmbio, são considerados essenciais para a sobrevivência das empresas no cenário desafiador de 2025.