A Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU) foi recentemente incluída na lista suja do trabalho escravo, que é mantida pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Esta é a primeira vez que uma empresa pública entra nesse registro desde sua criação, em 2003. A inclusão ocorreu após a constatação de que nove trabalhadores da construção civil estavam em condições degradantes e sem receber salários por três meses, durante a execução de obras em Itatiba. A mão de obra terceirizada, fornecida pela construtora responsável, estava com pagamentos atrasados, o que levou à suspensão dos salários e a um alojamento em condições precárias.
O caso teve origem em 2019, quando os trabalhadores foram levados para um imóvel abandonado em Jaguariúna, sem recursos básicos como água potável e eletricidade. A fiscalização constatou a violação dos direitos dos trabalhadores, que ficaram em condições análogas à escravidão. Apesar de a CDHU afirmar que não houve irregularidades e que a fiscalização ocorreu após o rompimento do contrato com a construtora, a situação levantou questões sobre a responsabilidade da empresa pública em garantir condições dignas de trabalho, especialmente considerando seu caráter social e público.
Este episódio chamou a atenção devido ao envolvimento de uma entidade estatal, que tem a responsabilidade de zelar pelos direitos humanos e sociais dos trabalhadores. Além disso, foi a primeira vez que uma contratante foi responsabilizada diretamente pelas condições de trabalho de terceirizados, após uma mudança legislativa que amplia a responsabilidade das empresas contratantes. A CDHU, que já enfrentou situações semelhantes no passado, foi criticada pela falta de diligência no acompanhamento das condições de seus prestadores de serviços, o que gerou um debate sobre a necessidade de maior fiscalização e medidas corretivas.