Em dezembro, a Eletrobras (ELET3) e a União protocolaram no Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido para estender o prazo das negociações sobre o poder de voto do governo na empresa após sua privatização, com um novo limite até 18 de fevereiro. A disputa judicial envolve a validade de um limite de 10% no direito de voto, inserido na lei de privatização, o que impacta diretamente o comportamento das ações da empresa. Para os analistas do Bradesco BBI, mesmo sem acordo, as ações da Eletrobras apresentam um bom valor, e a queda das ações seria limitada, embora o interesse de investidores estrangeiros possa ser afetado.
No cenário de um possível acordo, as expectativas seriam positivas, com o retorno ao foco nos fundamentos da empresa, como cortes de custos operacionais, preços de energia e gestão de passivos. O acordo pode incluir a ampliação da presença do governo no conselho da Eletrobras, o fim dos investimentos em Angra III e a remoção de pagamentos iniciais do imposto setorial CDE, possibilitando dividendos mais altos ou uma nova política de dividendos. Além disso, a empresa tem demonstrado boa capacidade de adaptação à volatilidade dos preços de energia, o que favorece seu potencial de se tornar uma pagadora de dividendos.
A Eletrobras segue com planos de reduzir seus custos operacionais em 10% até 2025, com uma previsão de R$ 6,2 bilhões em custos totais. A empresa também projeta um preço médio de energia de R$ 133/MWh em 2025, o que fica abaixo das tarifas contratuais. A previsão de dividendos é de R$ 3,8 bilhões, com retornos de cerca de 4,6% para ambas as classes de ações. O Bradesco BBI manteve sua recomendação de compra para os papéis da Eletrobras, com um preço-alvo de R$ 58 para as ações preferenciais e R$ 53 para as ordinárias, apostando na valorização das ações a longo prazo, independentemente do desfecho do processo judicial.