O economista-chefe do Itaú, Mário Mesquita, se posicionou a favor do retorno do teto de gastos, propondo que o novo governo, após as eleições presidenciais, adote novamente a medida para estabilizar as taxas de juros no país. Em um evento do banco, ele argumentou que o teto de gastos, que limitava o crescimento das despesas públicas à inflação, foi o único regime que permitiu ao Banco Central alcançar a meta de inflação com juros mais baixos, comparáveis aos de outros países. Mesquita destacou que a política fiscal atual do Brasil dificulta a redução das taxas de juros e que o país não alcançará um cenário de juros civilizados sem disciplina fiscal.
As declarações de Mesquita vêm acompanhadas de uma crescente preocupação entre economistas sobre a postura fiscal do governo, especialmente após o pacote de contenção de gastos apresentado no final de 2024, que não foi suficiente para gerar confiança no mercado. A moeda brasileira teve uma recuperação considerável no início de 2025, mas ainda enfrenta desafios devido à resistência do presidente Lula em implementar um ajuste fiscal mais rigoroso, o que tem gerado apreensão sobre o futuro da economia do país.
O teto de gastos, introduzido em 2017, foi inicialmente considerado uma medida importante para a saúde fiscal, ajudando a reduzir os juros futuros. No entanto, exceções feitas durante o governo Bolsonaro e a mudança no modelo fiscal adotado por Lula em 2023, substituindo o teto por um sistema mais flexível, aumentaram as incertezas sobre sua eficácia. O novo modelo, que permite o crescimento real dos gastos de até 2,5%, continua a gerar dúvidas sobre a sustentabilidade fiscal do Brasil.