O economista Ivo Chermont destaca que, apesar do cumprimento das metas fiscais pelo governo, o aumento da dívida pública é uma preocupação central no mercado financeiro. Para os analistas, o foco está na sustentabilidade da dívida, e não apenas na adesão às metas fiscais, que perdem credibilidade com as exceções para gastos emergenciais. Chermont também observa que a popularidade do presidente Lula e a tendência de desaceleração econômica aumentam os riscos de um possível aumento dos gastos públicos.
Em relação à política monetária, Chermont aponta que a comunicação do Banco Central sobre a Selic gerou expectativas de estabilidade, mas com viés de baixa. Embora a projeção de Selic de 16% ao ano continue para o ciclo que termina em julho, ele alerta que a incerteza econômica pode levar a uma revisão das expectativas. Além disso, a falta de credibilidade na política fiscal pode agravar a inflação, mesmo com a elevação dos juros, já que o mercado vê o aumento da dívida como um fator de estímulo à economia, elevando as projeções de inflação.
Por fim, o economista avalia que a deterioração contínua das contas públicas pode resultar em uma situação de “dominância fiscal”, onde o aumento das taxas de juros se torna contraproducente para a sustentabilidade da dívida. Ele ressalta que um ajuste fiscal adequado poderia permitir a redução das taxas de juros, estimulando o investimento privado, a inovação e a produtividade, resultando em benefícios econômicos mais amplos a longo prazo.