O crime organizado no Brasil tem se beneficiado de atividades ilícitas como o contrabando de combustíveis, bebidas, cigarros e ouro, além de fraudes fiscais, resultando em uma receita anual superior a R$ 146 bilhões, com destaque para o mercado ilegal de combustíveis, que sozinho gera R$ 61,5 bilhões. Além disso, o tráfico de drogas, embora ainda significativo, representa uma fatia menor, com R$ 15 bilhões. O relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pública aponta que falhas no controle e fiscalização do Estado têm facilitado a atuação desses grupos criminosos, que exploram produtos com menos riscos legais, como combustíveis adulterados, bebidas falsificadas e ouro de origem ilegal.
O estudo revela que o mercado de bebidas contrabandeadas e falsificadas gerou R$ 56,9 bilhões, representando 38,8% da receita do crime organizado. O contrabando, especialmente de bebidas alcoólicas como cervejas artesanais, cresceu de forma expressiva entre 2016 e 2022. Já a extração ilegal de ouro contribuiu com R$ 18,2 bilhões, enquanto o mercado de tabaco ilegal representou 7% da receita, com prejuízos fiscais superiores a R$ 94 bilhões nos últimos 11 anos. Além disso, as milícias e facções estão diretamente envolvidas na exploração dessas atividades, fortalecendo o domínio político e econômico local, enquanto o Estado sofre com a baixa presença em determinadas regiões.
O relatório também aponta o crescimento dos crimes virtuais, com furtos de celulares e golpes online gerando uma receita de R$ 186 bilhões entre 2023 e 2024. Esses crimes são facilitados pela alta incidência de furtos de dispositivos móveis, que servem como porta de entrada para atividades criminosas no ambiente digital. A ausência de um sistema eficiente de rastreamento e controle de produtos no mercado ilícito contribui para a perpetuação dessas atividades, que têm impactos econômicos, sociais e ambientais significativos. A adoção de tecnologias como blockchain e a integração de dados de segurança pública são apontadas como soluções para combater esse cenário.