O documentário de Susanna Cappellaro acompanha seu marido, Scott Cohen, durante o processo de implantação de um dispositivo no corpo que proporciona uma sensação de “bússola interna”, guiando-o sempre na direção do norte verdadeiro. A história se desenrola com a câmera observando um casamento sendo dilacerado por pequenos conflitos, muitos dos quais os próprios protagonistas mal percebem. Com seu tom íntimo, Cappellaro, conhecida por seu trabalho como atriz, consegue transmitir uma natural simpatia, tornando-se um contraponto acolhedor para seu esposo, que se mostra mais reservado e introspectivo.
Scott vê na implantação do dispositivo uma chance de se tornar um tipo de ciborgue, com uma habilidade única que poucos teriam. Sua decisão reflete uma busca por algo além da aparência, algo que remete a um desejo crescente por cirurgias ou modificações corporais como símbolos de status. À medida que a narrativa avança, o comportamento de Scott começa a revelar um caráter narcisista, que remete a uma crítica à sociedade moderna e ao culto da individualidade extrema, frequentemente presente em ambientes de alto poder e riqueza.
Ao longo do documentário, a tensão no relacionamento se torna evidente, enquanto o espectador começa a questionar os limites do amor e da convivência em uma era dominada pela busca incessante por diferenciação tecnológica e pessoal. A obra também levanta reflexões sobre as escolhas pessoais e os impactos que estas têm no convívio social e familiar, especialmente quando o ego se torna o centro de tudo. A narrativa oferece uma visão crítica e ao mesmo tempo humana sobre as dinâmicas complexas de um casal em crise.