A deputada federal Célia Xakriabá (PSOL-MG) expressou insatisfação com sua substituição na comissão de conciliação do Supremo Tribunal Federal (STF), que discute o marco temporal das terras indígenas. Xakriabá, que era suplente na comissão, foi substituída pela deputada Silvia Waiãpi (PL-AP). Apesar de ter participado de 12 das 16 reuniões da comissão, Célia foi substituída após o presidente da Câmara, Hugo Motta, enviar um ofício ao STF informando a troca. Segundo a deputada, a decisão de substituí-la é um desrespeito à sua atuação e à representação dos povos indígenas.
Célia Xakriabá destacou que, como suplente, solicitou a titularidade após comparecer a 75% das reuniões, enquanto o titular da vaga, deputado Lúcio Mosquini (MDB-RO), compareceu a apenas duas sessões. A substituição pela deputada Silvia Waiãpi, que não participou de nenhuma reunião, foi vista por Xakriabá como uma tentativa de enfraquecer a luta indígena de forma colonial e divisiva. Ela comparou a situação a práticas da ditadura militar, quando indígenas eram usados para enfraquecer outros grupos indígenas.
A comissão de conciliação foi criada para discutir a validade da tese do marco temporal, que limita os direitos territoriais dos povos indígenas às terras que estivessem sob sua posse ou em disputa judicial na data de promulgação da Constituição em 1988. O marco tem sido alvo de intensos debates e contestação, com a Articulação dos Povos Indígenas (Apib) retirando-se da conciliação devido à falta de paridade no debate. O Supremo já se manifestou contra o marco em 2023, mas o Congresso continua avançando em propostas para validar a tese constitucionalmente, com novas discussões sobre a legalização da mineração em terras indígenas.