O número de grupos e canais que divulgam imagens de abuso e exploração sexual infantil no Telegram aumentou 78% entre o primeiro e o segundo semestre de 2024, de acordo com um relatório divulgado pela SaferNet, uma ONG brasileira, nesta terça-feira (11 de fevereiro de 2025). Durante um evento sobre o Dia Internacional da Internet Segura, realizado em São Paulo, a organização destacou que mais de 2 milhões de pessoas participam dessas comunidades, com um aumento de 1,25 milhão para 1,4 milhão no segundo semestre. A maioria desses grupos permanece ativo, com pouca ou nenhuma moderação por parte da plataforma.
Além do crescimento na quantidade de canais denunciados, o relatório também revelou a utilização de “estrelas”, uma moeda virtual do Telegram, para comercializar arquivos ilegais. A plataforma opera com provedores de serviços financeiros em países como Rússia e Chipre, facilitando transações ilícitas via criptomoedas, o que complica as ações contra esse tipo de conteúdo. A SaferNet critica a falta de compliance com as leis brasileiras e a moderação insuficiente por parte do Telegram, apesar de a empresa afirmar adotar uma política de tolerância zero para pornografia infantil.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) do Brasil considera crime a venda, posse e exposição de imagens de abuso infantil, que têm sido disseminadas nesses canais. Apesar das ferramentas de moderação e denúncias fornecidas pelo Telegram, as evidências apontam uma disparidade entre as ações anunciadas pela plataforma e a realidade observada. A SaferNet oferece uma Central Nacional de Denúncias para o reporte de conteúdos ilegais, além de um sistema próprio de denúncias na plataforma.