O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), ligado ao Ministério de Minas e Energia (MME), adiou novamente a decisão sobre a retomada das obras da usina nuclear de Angra 3, que estão sob responsabilidade da Eletronuclear. A questão já havia sido adiada anteriormente, em dezembro, para permitir mais tempo de análise pelos ministros. Durante a reunião, o ministro do MME, Alexandre Silveira, defendeu a continuidade das obras, desde que seja implementada uma mudança na governança da Eletrobras, que atualmente está sendo estudada pelo Ministério da Gestão e Inovação.
A obra de Angra 3, que teve início na década de 1980 e foi interrompida por anos, foi reavaliada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em 2019, que apresentou um estudo sobre os custos e viabilidade da retomada. Segundo a análise, o custo para concluir a usina é de aproximadamente R$ 23 bilhões, valor próximo ao necessário para abandonar o projeto, que ficaria em torno de R$ 21 bilhões. Além disso, o estudo revelou que cerca de R$ 800 milhões em equipamentos da usina foram reaproveitados em Angra 2.
Outro desafio identificado foi o alto custo da geração de energia elétrica pela usina, que seria superior ao de fontes térmicas em horários de pico. Contudo, os envolvidos nas discussões destacaram que a tarifa de R$ 653,31 por megawatt-hora (MWh) seria inferior ao valor das térmicas em certos períodos. O estudo do BNDES, realizado com a colaboração de nove empresas, também foi submetido à análise do Tribunal de Contas da União (TCU) em 2022, o que adiciona uma camada de fiscalização ao processo de decisão.