O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) reconhece que o fim do trabalho escravo no Brasil depende de ações mais amplas e estruturais, além do combate direto realizado ao longo dos últimos 30 anos. A erradicação dessa prática exige a articulação com a sociedade civil e o fortalecimento de políticas públicas nas áreas de educação, saúde e emprego, para além das medidas repressivas. Especialistas destacam que, apesar do sucesso das fiscalizações, é necessário um foco maior em prevenção e dados mais precisos para promover uma mudança duradoura.
A situação se agrava pela alta vulnerabilidade dos trabalhadores, principalmente em áreas rurais e em setores informais da economia. Cerca de 60% dos trabalhadores assalariados rurais no Brasil estão fora do mercado formal de trabalho, o que aumenta sua exposição à exploração. O perfil dos trabalhadores resgatados também mostra transformações nas dinâmicas de exploração, com um aumento significativo de resgates no setor urbano, como a construção civil, e migração de trabalhadores de estados como Maranhão e Bahia para outros, como Minas Gerais, onde a exploração tem se intensificado.
Além disso, a questão da responsabilização das empresas que compram matérias-primas de cadeias produtivas onde o trabalho escravo é praticado continua sendo um desafio. Embora algumas indústrias cortem relações comerciais com fornecedores que exploram mão de obra escrava, a falta de um acompanhamento efetivo e a ausência de medidas reparatórias mantêm o ciclo de exploração. Para especialistas, é crucial que as grandes empresas implementem sistemas de monitoramento eficazes e promovam a reparação dos danos causados.