A cólera, doença que foi um grande desafio no século XIX, tem mostrado um aumento significativo desde 2021, impulsionada por fatores como a guerra e as mudanças climáticas. Em 2024, foram registrados globalmente 804.721 casos e 5.805 mortes, um aumento de quase 50% em relação a 2023, que teve 535.321 casos e 4.007 mortes. Especialistas alertam que esses números oficiais podem ser subestimados, com estimativas apontando entre 1,3 milhão e 4 milhões de casos e entre 21.000 e 143.000 mortes por cólera ao ano, refletindo uma crescente crise de saúde pública.
Além da intensificação das epidemias em áreas afetadas por conflitos armados, a escassez de vacinas tem sido um fator crítico na luta contra a doença. Países em diversas partes do mundo já enfrentam surtos severos e, em 2025, seis nações solicitaram doses da vacina contra cólera a partir do estoque global. Entre essas nações estão Myanmar, República Democrática do Congo, Sudão, Sudão do Sul, Angola e Gana, que enfrentam uma pressão crescente devido à falta de recursos para combater o surto.
O aumento nos casos de cólera evidencia uma emergência de saúde pública mundial que se intensifica com o agravamento das condições climáticas e sociais. Organizações de saúde, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), continuam a monitorar a situação e alertam que, sem uma ação mais efetiva, a cólera pode se espalhar ainda mais, colocando em risco populações vulneráveis e sobrecarregando sistemas de saúde já fragilizados por outras crises.